Meu cavalo foi atacado por uma serpente. Como identificar qual o ataque?

Os acidentes ofídicos com equinos são mais comuns do que se imagina e, geralmente, não costumam apresentar grandes riscos à saúde dos animais

Cavalo doente - imagem meramente ilustrativa

O professor do Curso CPT Enquanto o Veterinário Não Chega – Atendimento a Equinos, Haroldo Vargas, destaca que, em caso de situações adversas, é necessário transmitir ao médico veterinário, com precisão, dados que permitirão que ele avalie o nível do problema e decida qual o grau de urgência do atendimento, orientando procedimentos que poderão salvar a vida do animal ou melhorar suas condições até o atendimento, reduzindo o seu nível de sofrimento.

Os chamados acidentes ofídicos ocorrem quando serpentes picam os equinos e depositam parte do seu veneno neles. Vale ressaltar que nem sempre a serpente consegue injetá-lo; logo, nem toda picada acarreta envenenamento. No entanto, esse ponto não pode ser negligenciado, pois o cavalo pode estar correndo riscos.

A depender da quantidade de veneno que foi inoculado, o ataque pode ser classificado como mais ou menos graves. Há fatores que interferem nessa quantidade: por exemplo, se a serpente fez alguma outra presa há pouco tempo, a quantidade de veneno inoculado será menor.

O clima e a atividade humana no campo são alguns dos fatores que influenciam na incidência de acidentes desse tipo. Comumente, cavalos são atacados na cabeça, mas os membros torácicos, os pélvicos e o úbere também se configuram como alvos recorrentes.

Com relação aos gêneros de serpentes presentes no Brasil, destaca-se quatro, cada um responsável por um tipo de acidente:

Botrópico

O acidente botrópico é causado por serpentes pertencentes ao gênero Bothrops, a exemplo das jararacas. São animais mais agressivos e detêm, do total, a maior parte dos acidentes ofídicos em nosso país. Seu hábito é noturno e locais úmidos e sombreados próximos a rios e lagos são os preferidos deles.

Ao ser inoculado, o veneno botrópico desencadeia lesões teciduais, hemorragias e alterações na cascata de coagulação. Mais do que isso, verifica-se dor e edema no local e não é difícil encontra esquimoses, lesões bolhosas e sangramento. Em casos mais agudos, necrose e abcessos são observados nos animais.

Crotálico

O grupo das cascavéis é o responsável pelo acidente crotálico. As serpentes se caracterizam pela presença de chocalhos e por darem preferência a ambientes secos, quentes, arenosos e pedregosos. Os acidentes crotálicos acontecem em menor proporção.

Como sinais clínicos do ataque, o animal sofre com coagulação do sangue, desencadeando hemostasia, além da identificação de lesões no tecido muscular esqueléticos e alteração na cor da urina, que se torna mais escura. Os equinos ainda podem apresentar paralisia flácida e parada respiratória.

Laquético

As serpentes surucucu e surucutinga habitam florestas úmidas e causam o acidente laquético. Ainda, em menor proporção que o acidente crotálico, não deixa de ser observado no Brasil, caracterizado por lesão tecidual, hemorragias, estimulação vagal e alterações de sensibilidade no local onde o animal foi picado.

Os efeitos do acidente laquético para os animais são praticamente os mesmos relatados nos acidentes botrópicos. Logo após as primeiras horas do acidente, são visíveis bolhas com conteúdo seroso ou sero-hemorrágico.

Elapídico

Por fim, o tipo de acidente mais grave é o elapídico, causado por serpentes coloridas, como a coral verdadeira. Apesar de serem pouco agressivas, os acidentes elapídicos são mais graves e fatais. De forma rápida, os sinais clínicos se manifestam e há bloqueio muscular, ocasionando paralisia muscular e consequente óbito do animal.

 


Conheça os Cursos CPT da Área Criação de Cavalos:

Enquanto o Veterinário Não Chega – Atendimento a Equinos
Como Montar um Centro Hípico – Modalidade, Instalações, Manejo Sanitário e Primeiros Socorros
Doenças de Equinos

Fonte: ATBPA – Associação de Tambor e Baliza do Pará – atbpa.com.br
por Renato Rodrigues

Renato Rodrigues 17-11-2021

Deixe um Comentário

Comentários

Não há comentários para esta matéria.